RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

Recuperar password

Livros disponiveis: 82991

English   
 
   

Clique nas imagens para aumentar.



BARROS. (João de) DECADA PRIMEIRA DA ASIA DE IOÃO DE BARROS DOS FEITOS QVE OS PORTVGVESES FEZERÃO NO DESCOBRIMENTO & CONQUISTA DOS MARES & TERRAS DO ORIENTE.

DIRIGIDA AO SENADO DA CAMARA desta cidade de Lisboa. EM LISBOA. Com todas as licenças necessarias. Impressa per Iorge Rodriguez. Anno de 1628. Aa custa de Antonio Gonçaluez mercador de liuros.

De 28,5x20 cm. Com [vii], 208 fólios. Encadernação da época inteira de pele e muito luxuosa, com nervos e ferros a ouro na lombada; e elaboradas molduras a seco nas pastas, formadas por motivos vegetalistas e filetes simples.

Folha de rosto enquadrada por uma moldura de filete duplo simples, leva ao centro uma xilogravura com as armas do reino. Cabeção alegórico, com figuras antropomórficas, animais, motivos vegetalistas, e o trigrama sagrado IHS no prólogo do autor. Ornamentado ao longo do texto com iniciais decoradas.

Texto disposto em duas colunas, com exceção dos textos preliminares.

Exemplar com pequenas falhas nos cantos das pastas e na lombada. Assinatura de posse coeva a tinta na folha de rosto e na última folha, logo a seguir ao pé de imprensa. Ocasionais sublinhados e notas manuscritas coevas. Pico de traça junto ao festo dos primeiros 45 fólios, atingindo a mancha tipográfica até ao sétimo, sem condicionar a leitura. Pequeno pico de traça desde o fólio 186 até à pasta posterior, junto ao festo das folhas, atingindo apenas levemente a mancha tipográfica em algumas das folhas, especialmente a partir da 206. Pequenas manchas de humidade ao longo do miolo.

Folio 28 está numerado 38; 60-59; 90-09; 118-119; 194-189; 195-295.

Primeiras páginas não numeradas com licenças e aprovações, dedicatória ao Senado da Câmara de Lisboa assinada por António Gonçalves e prólogo do autor dirigido ao rei Dom João III.

Segunda edição muito rara, parte da reedição das três primeiras décadas de João de Barros á custa do Senado da Camara de Lisboa. A primeira foi publicada em 1552 em Lisboa, por Germão Galharde. Esta é apenas a primeira das «Decadas da Ásia», tendo sido publicadas mais três.

Obra muito importante, referência essencial para o estudo da expansão marítima portuguesa e, em sentido lato, da história da expansão europeia e da formação dos impérios coloniais. As Décadas da Ásia são amplamente reconhecidas como uma das maiores obras da literatura e da historiografia portuguesas.

João de Barros concebeu um ambicioso plano de história universal centrada na expansão portuguesa, inicialmente projetado para abarcar os quatro continentes: Europa, Ásia, África e Santa Cruz (América). Contudo, apenas a parte dedicada à Ásia foi concluída. «As Décadas da Ásia» são uma crónica abrangente dos feitos dos portugueses no Oriente, desde o início das descobertas até ao período contemporâneo ao autor. Publicada entre 1552 e 1615, as três primeiras Décadas foram escritas por João de Barros, enquanto a quarta foi completada por Diogo do Couto após a morte do autor.

As Décadas primeira e segunda foram traduzidas para italiano por Affonso Ulloa, em Veneza entre 1561 e 1562, e sairam com o titulo: L"Asia del Sig. Giovanni di Barros consigliero del christianissimo Re di Portogallo, de fatti dei Portoghesi nello scoprimento e conquiste de mari e terre di Oriente.

Esta Primeira Década (1552): Aborda o período desde o início da expansão portuguesa na Índia até 1505, destacando as navegações de Vasco da Gama e a consolidação das primeiras feitorias no Oriente. Esta década é crucial, pois estabelece o cenário para a formação do Império Português no Oriente, detalhando os desafios e as batalhas que asseguraram o domínio português sobre as rotas comerciais. Foram publicadas mais três décadas, que descrevem os acontecimentos até 1539.

A obra teve um impacto que se estendeu muito além do seu tempo, servindo de fonte primária para historiadores posteriores, tanto em Portugal quanto no estrangeiro. João de Barros combinou fontes orais, documentos oficiais e relatos de viajantes para compilar uma narrativa muito detalhada e abrangente.

As Décadas da Ásia representam um exemplo clássico do estilo renascentista em Portugal, escritas num tom épico e grave, repleto de hipérboles, que influenciou profundamente a cultura literária portuguesa, encontrando eco numa das maiores obras da literatura mundial: Os Lusíadas, de Luís de Camões.

Ao celebrar os feitos dos navegadores e militares portugueses, a obra desempenhou um papel fundamental na construção da identidade nacional portuguesa, ajudando a consolidar a imagem de Portugal como uma grande potência marítima. A obra também foi instrumental na promoção da ideia de missão civilizadora e religiosa que justificou, aos olhos da época, a expansão portuguesa.

A visão de Portugal como uma nação predestinada a realizar grandes feitos continuou a ressoar na literatura portuguesa ao longo dos séculos, influenciando a forma como a história da expansão portuguesa foi narrada e interpretada.

João de Barros (Viseu, 1496 – Pombal, 1570) foi um grande escritor, historiador, pedagogo e gramático, figura central do renascimento literário e historiográfico em Portugal durante o século XVI. É amplamente reconhecido como um dos mais importantes historiadores e literatos de Portugal, comparado frequentemente ao historiador romano Tito Lívio.

Nascido por volta de 1496, a sua origem está envolta em algumas incertezas, com várias localidades a disputar o seu local de nascimento. Severim de Faria, um dos biógrafos mais completos do historiador, aponta localidades como Braga, Viseu, Vila Real e Pombal como possíveis locais de nascimento. Contudo, parece prevalecer a ideia de que Viseu foi a cidade onde João de Barros nasceu, embora essa informação não seja definitiva.

Filho bastardo de Lopo de Barros, corregedor da comarca de Entre Tejo e Odiana, João de Barros foi acolhido na corte desde jovem, tendo sido educado no Paço Real sob a proteção de D. João de Menezes, ao qual o seu pai o recomendara. Essa proximidade com a nobreza permitiu-lhe uma formação sólida nas humanidades, como eram chamadas as artes liberais da época, e o jovem Barros rapidamente se destacou no círculo intelectual da corte.

Ainda jovem, Barros começou a servir no Paço de D. Manuel I e, mais tarde, na guarda-roupa do príncipe D. João, futuro D. João III. A sua erudição e talento literário logo se manifestaram e, por volta de 1522, Barros já havia escrito e lido para D. Manuel a sua obra de ficção *Chronica do Imperador Clarimundo*, uma narrativa que idealizava a história da monarquia portuguesa, reforçando a legitimidade e os feitos dos seus soberanos.

A sua carreira na administração pública começou em 1522, quando foi nomeado capitão de S. Jorge da Mina, uma posição que envolvia grandes responsabilidades na gestão dos interesses comerciais portugueses na África Ocidental. No entanto, é na posição de tesoureiro da Casa da Índia, Mina e Ceuta, a partir de 1525, que Barros começou a exercer uma influência significativa sobre o comércio ultramarino português. Nessa função, ele geriu grandes quantidades de riquezas que transitavam pelo reino, mantendo registos rigorosos das operações financeiras que passavam pelas suas mãos.

Em 1533, D. João III nomeou-o feitor das Casas da Índia e da Mina, um cargo de enorme prestígio e responsabilidade, que Barros exerceria com distinção durante muitos anos. Esta função, que abrangia a gestão das mercadorias que chegavam das colónias, permitiu-lhe acumular uma vasta experiência e conhecimento sobre os assuntos ultramarinos, que mais tarde se refletiriam na sua monumental obra historiográfica.

Além da sua carreira na administração, João de Barros também teve um envolvimento significativo na colonização do Brasil. Em 1539, D. João III concedeu-lhe a donataria de uma capitania hereditária no Brasil, embora a tentativa de colonização dessa região tenha fracassado devido a problemas logísticos e à resistência dos indígenas.

Foi por volta deste período, após vários anos de serviço na administração pública, que João de Barros terá começado a trabalhar nas «Décadas da Ásia». A primeira Década foi publicada em 1552. Ele continuou a escrever até ao final da sua vida, produzindo as três primeiras Décadas, que cobrem o período da história portuguesa na Ásia até 1526. A quarta Década foi continuada por Diogo do Couto após a morte de João de Barros.

A sua carreira foi recompensada de maneira significativa por D. Sebastião que, em 1567, quando Barros renunciou ao seu cargo de feitor das Casas da Índia e da Mina, lhe concedeu o título de fidalgo, uma tença de 400$000 réis, e o direito de trazer anualmente fazendas das naus da Índia, que lhe rendessem até quatro mil cruzados livres de direitos e fretes: um reflexo da importância dos seus serviços ao reino. Barros retirou-se para a sua quinta em Pombal, onde continuou a trabalhar até à sua morte em 1570.

A sua dedicação à escrita resultou na criação de uma das obras mais importantes da historiografia portuguesa.

 28.5x20 cm. [vii], 208 folios. Very luxurious contemporary full leather binding, with raised bands and gilt tools on spine and elaborate blind tools on the boards, made up of plant motifs and simple fillets.

The title page is framed by a simple double fillet, with a woodcut engraving of the kingdom"s coat of arms in the centre. Allegorical headpiece with anthropomorphic figures, animals, plant motifs and the sacred trigram IHS in the author"s prologue. Ornamented throughout the text with decorated initials.

Text arranged in two columns, with the exception of introductory texts.

Copy with small flaws at the corners of the boards and on the spine. Handwritten ownership title on the title page and on the last page, just after the foot of the press. Occasional underlining and handwritten notes. Peak of moth near the inner hinge of the first 45 folios, reaching the texto area up to the seventh, without affecting reading. Small peak of moth from folio 186 to the back board, near the bottom of the leaves, only slightly affecting the text area on some of the leaves, especially from folio 206 onwards. Small damp stains throughout the centre.

Folio 28 is numbered 38; 60-59; 90-09; 118-119; 194-189; 195-295.

Unnumbered first pages with licences and approvals, dedication to the Senate of the City Council of Lisbon signed by António Gonçalves and prologue by the author addressed to King João III.

A very rare second edition, part of the re-edition of the first three decades of João de Barros at the expense of the Lisbon City Council. The first was published in 1552 in Lisbon by Germão Galharde. This is only the first of the 'Decades of Asia', of which three more were published.

Very important work, an essential reference for the study of Portuguese maritime expansion and, in a broad sense, the history of European expansion and the formation of colonial empires. The Decades of Asia is widely recognised as one of the greatest works of Portuguese literature and historiography.

João de Barros conceived an ambitious plan for universal history centred on Portuguese expansion, initially designed to cover the four continents: Europe, Asia, Africa and Santa Cruz (America). However, only the part dedicated to Asia was completed. 'The Decades of Asia' is a comprehensive chronicle of the achievements of the Portuguese in the Orient, from the beginning of the discoveries to the period contemporary to the author. Published between 1552 and 1615, the first three Decades were written by João de Barros, while the fourth was completed by Diogo do Couto after the author"s death.

The first and second Decades were translated into Italian by Affonso Ulloa, in Venice between 1561 and 1562, and came out with the title:L"Asia del Sig. Giovanni di Barros consigliero del christianissimo Re di Portogallo, de fatti dei Portoghesi nello scoprimento e conquiste de mari e terre di Oriente.

This First Decade (1552): Covers the period from the beginning of Portuguese expansion in India until 1505, emphasising Vasco da Gama"s navigations and the consolidation of the first trading posts in the Orient. This decade is crucial as it sets the scene for the formation of the Portuguese Empire in the East, detailing the challenges and battles that ensured Portuguese dominance over the trade routes. Three more decades were published, describing events up to 1539.

The work had an impact that extended far beyond its time, serving as a primary source for later historians, both in Portugal and abroad. João de Barros combined oral sources, official documents and travellers" accounts to compile a very detailed and wide-ranging narrative.

The Decades of Asia represent a classic example of the Renaissance style in Portugal, written in an epic and serious tone, full of hyperbole, which profoundly influenced Portuguese literary culture, finding an echo in one of the greatest works of world literature: Os Lusíadas, by Luís de Camões.

By celebrating the achievements of Portuguese navigators and soldiers, the work played a fundamental role in the construction of Portuguese national identity, helping to consolidate the image of Portugal as a great maritime power. The work was also instrumental in promoting the idea of a civilising and religious mission that justified Portuguese expansion in the eyes of the time.

The vision of Portugal as a nation predestined to accomplish great deeds has continued to resonate in Portuguese literature over the centuries, influencing the way in which the history of Portuguese expansion has been narrated and interpreted.

João de Barros (Viseu, 1496 - Pombal, 1570) was a great writer, historian, pedagogue and grammarian, a central figure in the literary and historiographical renaissance in Portugal during the 16th century. He is widely recognised as one of Portugal"s most important historians and literati, often compared to the Roman historian Titus Livius.

Born around 1496, his origins are shrouded in uncertainty, with various localities disputing his birthplace. Severim de Faria, one of the historian"s most complete biographers, points to places like Braga, Viseu, Vila Real and Pombal as possible birthplaces. However, the idea seems to prevail that Viseu was the city where João de Barros was born, although this information is not definitive.

The bastard son of Lopo de Barros, corregidor of the district of Entre Tejo and Odiana, João de Barros was welcomed at court from a young age, having been educated at the Royal Palace under the protection of João de Menezes, to whom his father had recommended him. This proximity to the nobility allowed him to have a solid education in the humanities, as the liberal arts were called at the time, and the young Barros quickly made a name for himself in the intellectual circle of the court.

At a young age, Barros began serving in the palace of King Manuel I and later in the wardrobe of Prince João, the future King João III. His erudition and literary talent soon became apparent and, by 1522, Barros had already written and read for King Manuel his work of fiction *Chronica do Imperador Clarimundo*, a narrative that idealised the history of the Portuguese monarchy, reinforcing the legitimacy and achievements of its sovereigns.

His career in public administration began in 1522, when he was appointed captain of S, Jorge da Mina, a position that involved great responsibilities in the management of Portuguese commercial interests in West Africa. However, it was in his position as treasurer of the House of India, Mina and Ceuta, from 1525 onwards, that Barros began to exert a significant influence on Portuguese overseas trade. In this role, he managed large amounts of wealth passing through the kingdom, keeping strict records of the financial transactions that passed through his hands.

In 1533, King João III appointed him feitor of the Houses of India and Mina, a position of enormous prestige and responsibility, which Barros would fulfil with distinction for many years. This role, which involved managing goods arriving from the colonies, allowed him to accumulate a vast experience and knowledge of overseas affairs, which would later be reflected in his monumental historiographical work.

In addition to his career in administration, João de Barros also had a significant involvement in the colonisation of Brazil. In 1539, King João III granted him a hereditary captaincy in Brazil, although the attempt to colonise this region failed due to logistical problems and resistance from the indigenous people.

It was around this time, after several years of service in the public administration, that João de Barros began working on the 'Decades of Asia'. The first Década was published in 1552. He continued writing until the end of his life, producing the first three Décadas, which cover the period of Portuguese history in Asia until 1526. The fourth Década was continued by Diogo do Couto after the death of João de Barros.

His career was rewarded in a significant way by King Sebastião who, in 1567, when Barros resigned from his post as feitor of the Houses of India and Mina, granted him the title of nobleman, a tença of 400$000 réis, and the right to annually bring back goods from the ships of India that would earn him up to four thousand cruzados free of duties and freights: a reflection of the importance of his services to the kingdom. Barros retired to his farm in Pombal, where he continued to work until his death in 1570.

His dedication to writing resulted in the creation of one of the most important works in Portuguese historiography.

Referências/References:
Ásia de João de Barros, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1988. [Prefácio de António Baião]
Inocêncio III, 318-323, 485


Temáticas

Referência: 2407SB002
Local: SACO REVERSB-12


Caixa de sugestões
A sua opinião é importante para nós.
Se encontrou um preço incorrecto, um erro ou um problema técnico nesta página, por favor avise-nos.
Caixa de sugestões
 
Multibanco PayPal MasterCard Visa American Express

Serviços

AVALIAÇÕES E COMPRA

ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVOS

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

free counters