RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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MORGANTI. (Bento) BREVE DISCURSO SOBRE OS COMETAS, [2 OBRAS]

EM QUE SE MOSTRA A SUA natureza, sua duraçaõ, seu movimento, sua influencia, e a sua Regiaõ &c. Escrito Por B. M. LISBOA: Na Officina de FRANCISCO BORGES DE SOUSA. Anno de 1757. Com todas as licenças necessarias.

De 20,5x15 cm. Com 21, [iii] págs. Encadernação recente do século XX, com lombada em pele com ferros a ouro.

Inclui uma vinheta no rosto e um belo cabeção e inicial decorada na primeira página, com motivos vegetalistas.

Exemplar com ex-libris de «Antonii Comitis VII Sancti Pelagii» gravado por J. Ricardo Silva em 1944, e etiqueta de cota na guarda anterior. Carimbo oleográfico de posse de A. Moreira de Sá na folha de rosto. Restauro amador no pé das primeiras duas folhas.

O ex-libris, que ainda não conseguimos identificar, pertence provavelmente a um cavaleiro da Ordem de Malta pois esteve presente numa exposição organizada em 2013 pela Academia Portuguesa de Ex-Libris intitulada "Ex-Libris de Cavaleiros Portugueses da Soberana Militar e Hospitalária Ordem de S. João de Jerusalém, de Rodes e de Malta e de agraciados com a Ordem pró-Mérito Melitense", por ocasião das Cerimónias de Investidura de Novos Membros e Comemoração dos 900 Anos da Ordem Soberana e Militar de Malta, que tiveram lugar em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.

O moto que aparece no Ex-Libris, Pro Aris et Focis, é uma frase latina que significa "Por Deus e pelo País" ou, literalmente, "pelos nossos altares e lares", e que é muitas vezes usada como lema ou divisa de diversas famílias e regimentos militares.

Páginas não numeradas com licenças do Santo Ofício (João de Santa Rosa), do ordinário (Diogo Barbosa Machado) e do Paço (João Baptista, da Congregação do Oratorio). Última página em branco.

Tem junto: CARTA EM RESPOSTA AO DISCURSO SOBRE OS COMETAS. Escrita POR JOZÉ ACURSIO DE TAVARES, Estudante Scalabitano. LISBOA: Na Officina de FRANCISCO BORGES DE SOUSA. Anno de 1757. Com todas as licenças necessarias.

Com 22, [iv] págs.

Ilustrado com uma xilogravura na página 7 com a representação de um sistema Sol-Cometa. Vinheta com motivos vegetalistas no rosto.

Exemplar com carimbo oleográfico de posse de A. Moreira de Sá na folha de rosto.

Últimas páginas não numeradas com licenças do Santo Ofício (Frei Estêvão Cardoso Teles), do Ordinário (José de Seixas) e do Paço (João Chevalier).

Duas obras muito raras e importantes para o estudo do Iluminismo em Portugal em meados do século XVIII, ambas escritas por Bento Morganti, a última sob o pseudónimo José Acúrsio de Tavares.

Na primeira obra, Morganti defende a opinião mais comum e dominante na época e que ainda o foi por muito tempo, que o aparecimento dos cometas devia ser visto, em última instância, como prognóstico de bons ou maus presságios. Na segunda obra, Morganti condena a astrologia e ataca a interpretação dos cometas como maus presságios e por essa visão ser menos comum na época publicou a obra com o pseudónimo de José Acúrsio de Tavares, que já tinha utilizado antes, para se colocar ao abrigo de críticas e condenações. Ao mesmo tempo, demonstrou a sua capacidade de argumentação e a sua cultura ao apresentar sucessivamente a defesa de duas opiniões contrárias.

Essa era a sua principal motivação pois Morganti usou este recurso em mais duas ocasiões publicando dois folhetos defendendo posições opostas sobre a competência dos médicos e dois folhetos sobre o Terremoto de 1755, em que no primeiro caso um dos folhetos foi publicado anónimo e no segundo caso usando o seu pseudónimo - José Acúrsio de Tavares.

SOBRE AS OBRAS.

O Breve discurso sobre os cometas de Morganti testemunha a importância das práticas adivinhatórias em meados do século. Foi, segundo o prólogo do autor, elaborada por ocasião da Relaçam Notavel De Hum Cometa, Que Novamente Appareceo Em Africa Sobre A Praça De Tangere, poucos dias depois do Terramoto de 1755.

Num panfleto dirigido ao grande público, o seu intuito seria que o texto se destinasse a quem pretendesse adquirir um maior conhecimento nesta ciência, informando a sua obra sobre a natureza dos cometas à luz dos autores modernos, entre os quais Tycho Brahe (1546–1601), Johannes Kepler (1571–1630), René Descartes (1596–1650), Giovanni Cassini (1625–1712), Edmond Halley (1656–1742) e William Whiston (1667–1752); o que demonstra que Morganti não ignora a astronomia.

Enfatiza ainda a importância do telescópio e defende mesmo que o equívoco de Aristóteles quanto à natureza dos cometas se devia essencialmente à falta de instrumentos na sua época. Morganti também não desconhece certas posições críticas contra a interpretação dos cometas como sinais de adivinhação, de que são exemplo as de Pierre Bayle.

Contudo, Morganti defende que o aparecimento dos cometas deve ser visto, em última instância, como prognóstico de bons ou maus presságios: “que podem sem dúvida os astros influir com a luz viva dos vapores, e exalações de suas atmosferas, e que não se pode duvidar que esta nova luz do Cometa, trazendo ao mundo uma nova influência, possa alterar o estado presente das coisas, e prognosticar algum sucesso, o qual poderá ser bom ou mau, segundo a natureza do cometa e dos seus vapores; o que se pode conjeturar pela cor da sua luz” (ibidem, p. 21.)

À época, a inquisição controlava a censura da imprensa, e as licenças apresentadas no final da obra mostram que os censores a consideravam que “nada contem contra a Fé, e bons costumes” nem “contém coisa alguma contra as Leis do Reino”.

No mesmo ano Morganti, usando o pseudónimo de José Acúrsio de Tavares, publicou - Carta em resposta ao discurso sobre os cometas, (1757), defendendo a posição contrária, em sintonia com as perspetivas iluministas sobre a ordem da natureza, qualificando como supersticiosa tanto a interpretação do terramoto de 1755, quanto o aparecimento de cometas enquanto sinais da fúria divina.

Na sua obra, Morganti é veemente no ataque à astrologia, que considera uma influência nociva nos receios do cidadão comum. Admite que, mesmo que Deus por vezes pudesse usar o aparecimento de cometas como sinal da sua ira, é impossível aos homens preverem as consequências dessas ocorrências celestiais.

Muitos Astrologos, e principalmente os judiciarios, estabeleceraõ certos effeitos aos Cometas, e os mais comuns entre elles saõ os máos successos, que se esperaõ depois das suas appariçoens, e ainda presentemente naõ faltaõ sequazes destes máos annuncios, e o peyor he que, entre estes insensatos, ainda apparecem alguns bons homens, que concebem os Cometas como sinaes do futuro, e publicas calamidades, naõ por sua propria natureza, mas sim por occulta permissaõ Divina. Naõ nego que Deos assim o póde permittir, e com effeito assim o permittio algumas vezes; mas com tudo naõ se pode absolutamente affirmar de todos, nem da mayor partes dos Cometas: e por isto assento, sem violencia, que pelos Cometas nada se pode perdizer determinadamente e em particular de successos cazuaes.” (ibidem pág. 12)

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA:

A interpretação dos cometas como sinais de adivinhação sofreu um declínio significativo durante o século XVII. No século posterior, e especialmente nos denominados centros europeus do conhecimento, esse tipo de interpretação foi banida da literatura científica e raramente aparecia em panfletos destinados a uma audiência de cariz popular. Em oposição, a literatura sobre cometas que recorria a uma origem sobrenatural e interpretação divina era ainda relevante em Portugal no século XVIII.

No período posterior ao terramoto de 1755 em Lisboa, especialmente entre 1756 e 1758, houve uma enorme produção literária dedicada à origem e ao significado desse acontecimento. Paralelamente, editaram-se em Portugal um número significativo de textos sobre cometas nos quais a sua origem e significado eram também questionados. O debate desencadeado quanto ao papel da providência divina versus fenómenos naturais, contribuiu de forma significativa para a importância crescente do iluminismo na sociedade portuguesa.

Estas obras vieram a lume como artigos de grande circulação vendidos a preços relativamente acessíveis. Os ataques veementes à astrologia na literatura sobre cometas de meados do século XVIII mostram que, apesar de o Índex de 1561 já condenar a astrologia e outras artes divinatórias, estas ainda tinham muito peso na sociedade portuguesa, não se restringindo a uma crença exclusiva das classes mais baixas.

Exemplos destas obras são:
«Relaçam notável de hum cometa que novamente appareceo em África sobre a Praça de Tanger…» (1756), publicado anónimamente;
«Breve discurso sobre os cometas» (1757), de Bento Morganti;
«Carta em resposta ao discurso sobre os cometas» (1757), de José Acursio Tavares;
«Conjecturas de vários filósofos ácerca dos cometas expostas e impugnadas» (1757), de Miguel Tibério Pedegache;
«Chronologia dos cometas que appareceram desde o anno 480 do nascimento de N S J. Christo até ao tempo presente» (1758), também anónimo;
«Instrucção sobre os corpos celestes, principalmente sobre os cometas» (1758), de Francisco Henrique Ahlers.

O período entre 1755 e 1760 é visto como uma fase crucial no declínio da adivinhação em Portugal e também como uma fase muito ativa na popularização da filosofia natural de autores modernos, de que é exemplo Isaac Newton.

Bento Morganti (Roma, 1709 - Lisboa, 1783) foi um presbítero secular, ordenado em 18 de Julho de 1738, licenciado em Cânones pela Universidade de Coimbra, e beneficiado na Basílica de Santa Maria de Lisboa. Filho de Lourenço Morganti, natural de Lucca, e de D. Clara de Azevedo, natural de Coimbra, veio muito novo para Portugal. Data da morte segunda a BNP - Biblioteca Nacional de Portugal.

É autor de muitas obras, algumas publicadas com o pseudónimo de José Acúrsio de Tavares, entre elas: Numismalogia ou breve recopilação de algumas medalhas dos Imperadores Romanos de ouro, prata, e cobre que estão no musêo de Lourenço Morganti. Parte I. Lisboa, por José Antonio da Silva 1737; Dissertação historica e critica sobre a inscripção que existe no Campo de Sancta Anna da cidade de Braga, Lisboa, na Real Off. Silviana 1742; Narciso á fonte, isto é, o homem vendo-se na sua propria miseria: traduzido do italiano do P. D. Hypolito Falconi. Lisboa, por Francisco da Silva 1748; Descripção funebre das exequias que a Basilica Patriarchal de Sancta Maria dedicou á memoria do Fidelissimo Senhor Rei D. João V. Lisboa, na Off. de Francisco da Silva 1750; Colecção de discursos intitulados: O Anonymo. Ibi, na Off. de Pedro Ferreira, 1752 a 1754; Enchiridion, ou practica familiar, deduzida dos logares da Sagrada Escriptura para a recta e perfeita observancia dos Domingos e mais festividades do anno. Ibi, por Francisco da Silva 1754; Carta que um amigo escreveu a outro, que estava despachado para servir os logares de letras, em que se dão alguns documentos para os que se destinam a este emprego. Ibi, na Off. de Francisco da Silva 1755. Carta e resposta sobre a noticia e uso das Sciencias no imperio da China. Ibi, pelo mesmo 1755.

Carta de um amigo para outro, em que se dá succinta noticia dos effeitos do terremoto succedido em o 1.° de Novembro de 1755. Lisboa, por Domingos Rodrigues 1756; Verdade vindicada, ou resposta a uma carta escripta de Coimbra em que se dá noticia do lamentavel successo de Lisboa no dia 1.° de Novembro de 1755. Lisboa, por Miguel Manescal da Costa. 1756; Breves reflexões sobre a vida economica, a qual consiste nos casamentos. Lisboa, na Off. de José da Costa Coimbra, 1758;

Sustos da vida nos perigos da cura, Lisboa, por Antonio Vicente da Silva 1758; Juizo verdadeiro sobre a Carta contra os medicos, cirurgiões e boticarios, ha pouco impressa com o título de «Sustos da vida nos perigos da cura.» Lisboa, por José Filippe 1758; Tardes de Maio, ou tardes de passeio, passadas em conversação erudita, para servir de instrucção á mocidade portugueza, Lisboa, por José da Costa Coimbra 1758; Relação panegyrica das exequias, que a Irmandade de N. S. Mãe dos Homens fez ao seu instituidor o P. Fr. João de N. S. conhecido vulgarmente pelo nome do Padre Poeta de Xabregas. Lisboa, sem nome do impressor; Afforismos moraes e instructivos. Lisboa por Manuel Coelho Amado 1765.

Artur Moreira de Sá (1913-1989), formado com distinção em Ciências Histórico-Filosóficas, obteve, em 1947, o doutoramento, com a defesa da dissertação Francisco Sanches, Filósofo e Matemático. Desde 1945 ficou profissionalmente ligado à Faculdade de Letras de Lisboa, sendo um reputado especialista na influência de Erasmo em Portugal.

J. Ricardo da Silva foi um desenhador, escultor e entalhador naval de meados do século XX. Conceituado desenhador heraldista foi autor dos brasões municipais de várias vilas, freguesias, grémios e casas do povo de todo o país. Ilustrou várias das principais obras desta temática como o Armorial Lusitano, Nobreza de Portugal e Brasil, etc.

 20.5x15 cm. 21, [iii] pp. Recent 20th-century binding, with leather gilt tooled spine.

Includes a vignette on the title page and a beautifully decorated headpiece and initial on the first page, with plant motifs.

Copy with ex-libris of 'Antonii Comitis VII Sancti Pelagii' engraved by J. Ricardo Silva in 1944, and library shelf label on the front pastedown. Oleographic ownership stamp from A. Moreira de Sá on the title page. Amateur restoration at the foot of the first two leaves.

The ex-libris, which we have not yet been able to identify, probably belongs to a knight of the Order of Malta as it was present at an exhibition organised in 2013 by the Portuguese Academy of Ex-Libris entitled "Ex-Libris of Portuguese Knights of the Sovereign Military and Hospitaller Order of St. John of Jerusalem, Rhodes and Malta and of those awarded with the Melitense Order of Merit", on the occasion of the Investiture Ceremonies for New Members and the Commemoration of the 900th Anniversary of the Sovereign Military Order of Malta, which took place in Ponta Delgada, on the island of São Miguel in the Azores.

The motto that appears on the Ex-Libris, Pro Aris et Focis, is a Latin phrase that means "For God and Country" or, literally, "for our altars and homes", and which is often used as the motto of various families and military regiments.

Unnumbered pages with licences from the Holy Office (João de Santa Rosa), the Ordinary (Diogo Barbosa Machado) and the Palace (João Baptista, from the Congregation of the Oratorio). Last page blank.

Together with: CARTA EM RESPOSTA AO DISCURSO SOBRE OS COMETAS. Escrita POR JOZÉ ACURSIO DE TAVARES, Estudante Scalabitano. LISBOA: Na Officina de FRANCISCO BORGES DE SOUSA. Anno de 1757. Com todas as licenças necessarias.

22, [iv] pp.

Illustrated with a woodcut engraving on page 7 depicting a Sun-Comet system. Vignette with plant motifs on the title page.

Copy with oleographic ownership stamp by A. Moreira de Sá on the title page.

Last unnumbered pages with licences from the Holy Office (Friar Estêvão Cardoso Teles), the Ordinary (José de Seixas) and the Palace (João Chevalier).

Two very rare and important works for the study of the Enlightenment in Portugal in the mid-18th century, both written by Bento Morganti, the latter under the pseudonym José Acúrsio de Tavares.

In the first work, Morganti defends the most common and dominant opinion at the time, and one that remained so for a long time, that the appearance of comets should ultimately be seen as a prognosis of good or bad omens. In his second work, Morganti condemns astrology and attacks the interpretation of comets as bad omens. Because this view was less common at the time, he published the work under the pseudonym José Acúrsio de Tavares, which he had used before, in order to protect himself from criticism and condemnation. At the same time, he demonstrated his capacity for argument and his culture by successively presenting the defence of two opposing opinions.

This was his main motivation as Morganti used this resource on two more occasions, publishing two pamphlets defending opposing positions on the competence of doctors and two pamphlets on the 1755 Earthquake, in the first case one of the pamphlets was published anonymously and in the second case using his pseudonym - José Acúrsio de Tavares.

ABOUT THE WORKS.

The Breve discurso sobre os cometas by Morganti testifies to the importance of divination practices in the middle of the century. According to the author"s prologue, it was drawn up on the occasion of the Relaçam Notavel De Hum Cometa, Que Novamente Appareceo Em Africa Sobre A Praça De Tangere, a few days after the 1755 earthquake.

In a pamphlet aimed at the general public, his intention was for the text to be aimed at those wishing to acquire a greater knowledge of this science, informing on the nature of comets in the light of modern authors, including Tycho Brahe (1546-1601), Johannes Kepler (1571-1630), René Descartes (1596-1650), Giovanni Cassini (1625-1712), Edmond Halley (1656-1742) and William Whiston (1667-1752); which shows that Morganti is not ignorant of astronomy.

He also emphasises the importance of the telescope and even argues that Aristotle"s misunderstanding on the nature of comets was essentially due to the lack of instruments in his time. Morganti is also not unaware of certain critical positions against the interpretation of comets as signs of divination, for example those of Pierre Bayle.

However, Morganti argues that the appearance of comets should ultimately be seen as a prognosis of good or bad omens: “that the stars can undoubtedly influence with the living light of the vapours and exhalations of their atmospheres, and that it cannot be doubted that this new light of the Comet, bringing a new influence to the world, may alter the present state of things, and prognosticate some success, which may be good or bad, according to the nature of the comet and its vapours; which can be conjectured by the colour of its light ” (ibidem, p. 21).

At the time, the Inquisition controlled the censorship of the press, and the licences presented at the end of the work show that the censors considered that it 'contains nothing against the Faith, and good customs' nor 'contains anything against the Laws of the Kingdom'.

In the same year Morganti, using the pseudonym José Acúrsio de Tavares, published - Carta em resposta ao discurso sobre os cometas, (1757), defending the opposite position, in line with Enlightenment perspectives on the order of nature, describing as superstitious both the interpretation of the 1755 earthquake and the appearance of comets as signs of divine fury.

In his work, Morganti is vehement in his attack on astrology, which he considers a harmful influence on the fears of ordinary people. He admits that even if God could sometimes use the appearance of comets as a sign of his wrath, it is impossible for men to predict the consequences of these celestial occurrences.

Many astrologers, and especially the judiciary, have established certain effects for the Comets, and the most common among them are the bad events that are expected after their apparitions, and even today there is no lack of followers of these bad announcements, and the worst thing is that among these fools there are still some good men, who conceive of the Comets as signs of the future, and public calamities, not by their own nature, but by hidden Divine permission. I don"t deny that God can allow it, and indeed he has allowed it a few times; but with all that we can"t absolutely say about all or most of the Comets: and for this reason I say, without violence, that by the Comets nothing can be predicted in a definite way, and in particular of casual events” (ibidem pág. 12).

HISTORICAL BACKGROUND:

The interpretation of comets as signs of divination suffered a significant decline during the 17th century. In the following century, and especially in the so-called European centres of knowledge, this type of interpretation was banned from scientific literature and rarely appeared in pamphlets aimed at a popular audience. In contrast, the literature on comets that resorted to a supernatural origin and divine interpretation was still relevant in Portugal in the 18th century.

In the period following the 1755 earthquake in Lisbon, especially between 1756 and 1758, there was a huge amount of literary production dedicated to the origin and significance of this event. At the same time, a significant number of texts on comets were published in Portugal, in which their origin and significance were also questioned. The debate sparked about the role of divine providence versus natural phenomena, contributed significantly to the growing importance of the Enlightenment in Portuguese society.

These works came to light as widely circulated articles sold at relatively affordable prices. The vehement attacks on astrology in the literature on comets of the mid-18th century show that, although the Index of 1561 already condemned astrology and other divinatory arts, they still carried a lot of weight in Portuguese society, and were not restricted to the exclusive belief of the lower classes.

Examples of these works are
«Relaçam notável de hum cometa que novamente appareceo em África sobre a Praça de Tanger…» (A remarkable report of a comet that appeared again in Africa over the Tangier Stronghold... )(1756), published anonymously;
«Breve discurso sobre os cometas» (A brief speech on comets )(1757), by Bento Morganti;
«Carta em resposta ao discurso sobre os cometas» (Letter in response to the speech on comets )(1757), by José Acursio Tavares;
«Conjecturas de vários filósofos ácerca dos cometas expostas e impugnadas» (Conjectures of various philosophers about comets exposed and challenged )(1757), by Miguel Tibério Pedegache;
«Chronologia dos cometas que appareceram desde o anno 480 do nascimento de N S J. Christo até ao tempo presente» (Chronology of comets that have appeared since the 480th anniversary of the birth of Our Lord Christ to the present day )(1758), also anonymous;
«Instrucção sobre os corpos celestes, principalmente sobre os cometas» (Instructions on celestial bodies, especially comets )(1758), by Francisco Henrique Ahlers.

The period between 1755 and 1760 is seen as a crucial phase in the decline of fortune-telling in Portugal and also as a very active phase in the popularisation of natural philosophy by modern authors, such as Isaac Newton.

Bento Morganti (Rome, 1709 - Lisbon, 1783) was a secular priest, ordained on 18 July 1738, with a degree in Canons from the University of Coimbra and a benefice in the Basilica of Santa Maria in Lisbon. The son of Lorenzo Morganti, a native of Lucca, and D. Clara de Azevedo, a native of Coimbra, he came to Portugal at a very young age. Date of death according to the BNP - Biblioteca Nacional de Portugal.

He is the author of many works, some published under the pseudonym José Acúrsio de Tavares, among them: Numismalogia ou breve recopilação de algumas medalhas dos Imperadores Romanos de ouro, prata, e cobre que estão no musêo de Lourenço Morganti. Parte I. Lisboa, por José Antonio da Silva 1737; Dissertação historica e critica sobre a inscripção que existe no Campo de Sancta Anna da cidade de Braga, Lisboa, na Real Off. Silviana 1742; Narciso á fonte, isto é, o homem vendo-se na sua propria miseria: traduzido do italiano do P. D. Hypolito Falconi. Lisboa, por Francisco da Silva 1748; Descripção funebre das exequias que a Basilica Patriarchal de Sancta Maria dedicou á memoria do Fidelissimo Senhor Rei D. João V. Lisboa, na Off. de Francisco da Silva 1750; Colecção de discursos intitulados: O Anonymo. Ibi, na Off. de Pedro Ferreira, 1752 a 1754; Enchiridion, ou practica familiar, deduzida dos logares da Sagrada Escriptura para a recta e perfeita observancia dos Domingos e mais festividades do anno. Ibi, por Francisco da Silva 1754; Carta que um amigo escreveu a outro, que estava despachado para servir os logares de letras, em que se dão alguns documentos para os que se destinam a este emprego. Ibi, na Off. de Francisco da Silva 1755. Carta e resposta sobre a noticia e uso das Sciencias no imperio da China. Ibi, pelo mesmo 1755.

Carta de um amigo para outro, em que se dá succinta noticia dos effeitos do terremoto succedido em o 1.° de Novembro de 1755. Lisboa, por Domingos Rodrigues 1756; Verdade vindicada, ou resposta a uma carta escripta de Coimbra em que se dá noticia do lamentavel successo de Lisboa no dia 1.° de Novembro de 1755. Lisboa, por Miguel Manescal da Costa. 1756; Breves reflexões sobre a vida economica, a qual consiste nos casamentos. Lisboa, na Off. de José da Costa Coimbra, 1758;

Sustos da vida nos perigos da cura, Lisboa, por Antonio Vicente da Silva 1758; Juizo verdadeiro sobre a Carta contra os medicos, cirurgiões e boticarios, ha pouco impressa com o título de «Sustos da vida nos perigos da cura.» Lisboa, por José Filippe 1758; Tardes de Maio, ou tardes de passeio, passadas em conversação erudita, para servir de instrucção á mocidade portugueza, Lisboa, por José da Costa Coimbra 1758; Relação panegyrica das exequias, que a Irmandade de N. S. Mãe dos Homens fez ao seu instituidor o P. Fr. João de N. S. conhecido vulgarmente pelo nome do Padre Poeta de Xabregas. Lisboa, sem nome do impressor; Afforismos moraes e instructivos. Lisboa por Manuel Coelho Amado 1765.

Artur Moreira de Sá (1913-1989), who graduated with distinction in Historical-Philosophical Sciences, obtained his doctorate in 1947 with the defence of his dissertation Francisco Sanches, Filósofo e Matemático (Francisco Sanches, Philosopher and Mathematician). Since 1945 he has been professionally linked to the Faculty of Letters in Lisbon, being a renowned expert on the influence of Erasmus in Portugal.

J. Ricardo da Silva was a designer, sculptor and naval carver from the mid-20th century. A respected heraldist, he was the author of the municipal coats of arms for various towns, parishes, guilds and people's houses throughout the country. He illustrated several of the main works on this subject, such as Armorial Lusitano, Nobreza de Portugal e Brasil, etc.

Referências/References:
FONTES DA COSTA. (Palmira) e Hélio Pinto. Disputas sobre a origem e o significado dos cometas: o que revelam do Iluminismo português? ArtCultura, Uberlândia, v. 19, n. 35, p. 131-139, jul.-dez. 2017.
Inocêncio I, 349-350, n.º 146; VIII, 375.
Barbosa Machado I, 506-507.


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Referência: 2404SB017
Local: SACO SB226-3


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