RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

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EPICTETO, António de Sousa, Luís António de Azevedo. MANUAL DE EPICTÉTO FILOSOFO.

Traduzido de Grego em linguagem Portugueza Por D. Fr. ANTONIO DE SOUSA BISPO DE VISEU e Novamente correcto, e illustrado com Escolios, e Annotações Criticas, e dirigido Ao ILLUSTR.MO E EXCELL.MO SENHOR DUQUE DE ALAFÕES General Junto á Real Pessoa de Sua Magestade, Cetera Por LUIZ ANTONIO DE AZEVEDO Lisbonense. LISBOA Na Regia Officina Typografica. 1785. Com licença da Real Meza Censoria.

In 8º de 17,2x11 cm. Com [xx], xlvi, 184, [ii], [iv] págs. Encadernação inteira de pele da época com ferros a ouro. Cortes das folhas mosqueados a azul e vermelho.

Exemplar com desgastes de manuseamento na encadernação, em especial na lombada, à cabeça nas charneiras e com alguns picos de traça nas pastas e na lombada que atingem algumas folhas de guarda.   

Impressão nítida em papel de qualidade, ornamentada com um cabeção tipográfico e uma inicial decorada na primeira página do manual. As anotações encontram-se em rodapé, em tipos mais pequenos, por vezes em duas colunas, e chegam a constituir a maior parte do texto em algumas páginas, devido à sua profusão.

Exemplar com etiquetas na lombada e pasta anterior, e carimbos de posse da Biblioteca de Francisco Bernardino Cardoso e da Academia de Estudos Livres - Universidade Popular, na folha de rosto. 

Obra rara, constituindo a terceira edição de uma tradução pioneira do «Enchiridion» de Epicteto realizada directamente do grego por um notável teólogo dominicano do século XVI. A primeira edição foi publicada anonimamente em Coimbra, por Antonio Mariz, em 1594, seguida imediatamente por uma segunda edição em Lisboa, por Antonio Alvares, em 1595, ambas raríssimas e praticamente inacessíveis. 

Muito importante, não só por se encontrar escrita num excelente português do século XVI, mas por testemunhar o contexto da renovação cultural promovida pela coroa de D. Maria I, com as recém-fundadas Regia Officina Typografica - a imprensa oficial do Estado fundada em 1769 que, no auge da sua reputação, rivalizava em qualidade com os melhores impressores europeus - e a importante Academia das Ciências de Lisboa. Encontra-se actualizada com aparato crítico segundo os padrões filológicos setecentistas, altamente valorizantes. 

As primeiras vinte páginas não numeradas contêm uma longa dedicatória ao Duque de Lafões, fundador e presidente perpétuo da Academia desde 1779, enaltecendo as suas virtudes estóicas e o seu papel como patrono das ciências em Portugal. Luís António de Azevedo modernizou e anotou o texto quinhentista e elaborou extenso aparato crítico: as páginas i a xxxii apresentam um «Discurso Preliminar do Annotador, e Moderno Escoliaste», contextualizando a filosofia estóica e a sua recepção na Europa cristã; as páginas xxxiii a xl oferecem uma biografia detalhada de Epicteto; as páginas xli a xliii explicam o sistema de anotações; e as páginas xliv a xlvi expõem a «Explicação do uso christão da doutrina do Filósofo Grego», seguindo a tradição neostoica iniciada no século XVI por Justo Lípsio e Guillaume du Vair, que integrava a ética estóica na teologia cristã. O texto do Manual propriamente dito ocupa as 184 páginas numeradas seguintes, acompanhado de profusas anotações de rodapé, como dito acima. 

O «Enchiridion» (do grego «manual» ou «livro de mão») constitui um dos textos fundamentais do estoicismo tardio, oferecendo um compêndio prático de ética destinado ao uso quotidiano. Compilado pelo discípulo Arriano de Nicomédia a partir das «Diatribes» de Epicteto, o texto organiza-se em torno da distinção central entre o que está e o que não está «em nosso poder» — as nossas opiniões, impulsos e juízos versus acontecimentos externos, corpo, propriedades e reputação. Esta obra exerceu influência duradoura no pensamento europeu, sendo adoptada tanto por filósofos pagãos como por pensadores cristãos que reconheciam na ética estóica afinidades com a moral evangélica. A partir do Renascimento, o «Enchiridion» tornou-se texto central do movimento neostoico, lido como guia prático de autodomínio racional e resignação perante a Providência.

A Academia de Estudos Livres foi uma instituição maçónica fundada em Lisboa em 1889. Com ideais pedagógicos e progressistas, operou dinamicamente durante a Primeira República, promovendo a educação de adultos e publicando os «Anais da Academia de Estudos Livres» (1912-1916). A presença dos seus carimbos demonstra continuidade no apreço português pela filosofia estóica prática como ferramenta de formação cívica, unindo o Iluminismo monárquico de 1785 ao republicanismo pedagógico do início do século XX.

Epicteto (Hierápolis, Frígia, ca. 55 – Nicópolis, Épiro, ca. 135) foi filósofo estoico que viveu a maior parte da sua vida como escravo em Roma, ao serviço de Epafrodito, liberto do imperador Nero. Após obter a liberdade, estabeleceu escola filosófica em Nicópolis, no Épiro, onde ensinou até ao fim da vida. Não deixou obra escrita, sendo o seu pensamento preservado pelo discípulo Arriano de Nicomédia, que compilou tanto as «Diatribes» (discursos mais extensos) como o «Enchiridion». A sua filosofia centrava-se na distinção entre o que depende de nós e o que nos é exterior, defendendo a liberdade interior através do autodomínio racional face às circunstâncias externas, independentemente da condição social.

D. Fr. António de Sousa, nascido Rodrigo Afonso de Sousa (Lisboa, ca. 1540 – Lisboa, 1597) foi teólogo dominicano, filho de Martim Afonso de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil e posteriormente Governador da Índia. Doutor em Teologia pela Universidade de Lovaina, um dos principais centros do humanismo europeu, professou na Ordem Dominicana a 7 de Março de 1557. Exerceu os cargos de Provincial da Ordem, Pregador régio de D. Sebastião e Vigário-geral da Ordem Dominicana, sendo eleito Bispo de Viseu a 4 de Dezembro de 1594. A sua tradução do «Enchiridion» situa Portugal no movimento renascentista de recuperação dos textos clássicos, surgindo apenas oito anos após a influente tradução francesa de Guillaume du Vair (1586), figura central do neostoicismo europeu.

Luís António de Azevedo (Lisboa, 1755 – ca. 1820) foi professor régio de gramática e língua latina, ultimamente no Real estabelecimento do bairro de Alfama, filho de livreiro. Aplicou-se profundamente ao estudo de humanidades e filologia, particularmente das línguas grega e latina, e cultivou com especial predilecção a língua portuguesa. Era de puritanismo ferrenho em linguagem e timbrava de imitar os escritores vernáculos do século XVI, cuja leitura e análise constituíam uma das suas agradáveis ocupações, usando por vezes arcaísmos e vocábulos obsoletos, embora mantendo construção frásica regular e corrente. Publicou doze obras, entre as quais traduções anotadas de autores clássicos como Platão, Cícero e Sulpícia, demonstrando vasta erudição e conhecimento actualizado da produção filológica europeia dos séculos XVI a XVIII.'

João Carlos de Bragança, 2.º Duque de Lafões (Lisboa, 1719 – Lisboa, 1806), neto do rei D. Pedro II, foi figura central da vida intelectual portuguesa setecentista. Exilado durante dezassete anos por oposição ao Marquês de Pombal, viajou extensamente pela Europa, servindo no exército austríaco e sendo eleito membro da Royal Society de Londres — distinção que estimava acima de todas. Após o regresso a Portugal em 1777 com a queda de Pombal, co-fundou em 24 de Dezembro de 1779 a Academia das Ciências de Lisboa com o Abade José Correia da Serra, da qual foi presidente perpétuo até à sua morte. A sua vida exemplificou os valores estóicos de constância na adversidade, cosmopolitismo intelectual e dedicação ao bem público, fazendo dele dedicatário ideal para esta obra.

Ref.:

Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, R-34-33.

Biblioteca Nacional de Portugal, S.A. 1378 P.

Maria Helena Dinis de Teves Costa Ureña Prieto, 'Luís António de Azevedo, classicista português do séc. XVIII', Faculdade de Letras de Lisboa.

Inocêncio I, 275; V, 213-215.

 

 


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Referência: 2011PG020
Local: I-112-E-13


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