TREZENA PREDICATIVA DE S. ANTONIO REPARTIDA EM TREZE DISCURSOS dos dias de sua celebridade OFERECIDA AO ILLUSTRISSIMO SENHOR JOAÕ CARLOS CEZAR DE MENEZES. Deaõ da Santa Sé Metropolitana Oriental. POR Fr. LUCAS DE Sta. CATHARINA Chronista Mòr da Ordem dos Prègadores nesta Provincia de Portugal, e Académico do numero da Academia Real. LISBOA OCCIDENTAL. Na Officina da MUSICA debaixo da protecçaõ dos Patriarcas S. Domingos, e S. Francisco. M.DCC. XXXV. [1735].

In 4.º de 20x14 cm. Com [xxiv], 249 págs. Encadernação da época inteira de pele, com nervos e ferros a ouro na lombada. Cortes das folhas mosqueados a vermelho.

Folha de rosto impressa a preto e vermelho. Impressão muito nítida, sobre papel alvo e limpo, ornamentada com belíssimas xilogravuras, sendo três elaborados cabeções com cenas alegóricas, escudos e motivos vegetalistas; e três iniciais decoradas, das quais duas de grandes dimensões. A página 222 está numerada 122, por erro do impressor, no entanto a obra está completa

Exemplar com desgastes superficiais na encadernação e etiqueta em branco na pasta anterior.

Primeiras páginas não numeradas com dedicatória do autor; aviso ao leitor de Manuel José de Brito; antelóquio; licenças e aprovações de Frei Pedro Monteiro, Padre António dos Reis, Frei Manuel de Sá e Frei Filipe de Conceição.

Obra rara e muito importante para o estudo da retórica religiosa, da cultura e das práticas litúrgicas da época, além de refletir a língua e os valores sociais de Portugal durante o período barroco.

Santo António era celebrado com orações e pregações durante 13 dias (e não durante 9 dias, novenas, como outros santos) pelo seu Dies Natalis ser em 13 de Junho. A presente obra compreende os treze sermões, proferidos durante os dias da celebração deste santo, daí o seu título: Trezena predicativa. A obra reflete a profunda devoção e erudição de Frei Lucas, bem como a sua habilidade em produzir textos teológicos e devocionais que visavam edificar a fé dos seus contemporâneos​. Esta obra é um exemplo típico da literatura religiosa barroca, caracterizada pela eloquência e riqueza de estilo, visando tanto a instrução religiosa como a promoção da devoção popular. Frei Lucas de Santa Catarina utilizou esta obra para reafirmar a importância dos ensinamentos de Santo António e para incentivar a prática de virtudes cristãs entre os fiéis.

Frei Lucas de Santa Catarina (Lisboa, 1660 – Lisboa, 1740), foi um frade dominicano, destacado cronista e escritor barroco português. Professou no Convento de Benfica em 1680 e tornou-se cronista da Ordem de São Domingos, sucedendo a Frei Luís de Sousa. Era conhecido pelos seus múltiplos pseudónimos, como Feliz da Castanheira Turacen, e pelo seu papel como membro fundador da Academia Real de História. Além da historiografia religiosa, destacou-se pela sátira, com obras como o «Serão Político», onde criticava os estilos literários da sua época. O seu estilo retórico e empolado é uma característica marcante da sua escrita, refletindo as complexidades do período barroco.

É um dos autores mais curiosos e menos conhecidos da prosa barroca portuguesa, tendo escrito várias obras, entre elas: O Racional da Graça, Quarta Parte da História de S. Domingos, Memórias da Ordem Militar de S. João de Malta, Anatómico Jocoso, Serão político: abuso emendado, dividido em três noites para divertimento dos curiosos. Estas obras exemplificam a sua habilidade em combinar narrativa histórica com crítica social e moral. Apesar de ser um autor menos conhecido, a sua contribuição para a literatura e a história da Ordem de São Domingos é inestimável, deixando um legado significativo na prosa barroca portuguesa​.

Ref.:

Inocêncio V, 202, 181

Pinto de Matos, 559. 

Barbosa Machado III, 42