RUGENDAS. (Johann Moritz) HABITANTE DE GOYAS, QUADRO A ÓLEO PINTADO SOBRE MADEIRA.

     
 
 

Recuperar password

Livros disponiveis: 79719

English   
 
   

Clique nas imagens para aumentar.



PIMENTEL. (Manuel) ARTE PRACTICA DE NAVEGAR, & ROTEIRO DAS VIAGENS, & COSTAS MARITIMAS DO BRASIL, GUINE, ANGOLA, INDIAS E ILHAS ORIENTAES E OCCIDENTAES.

AGORA NOVAMENTE EMENDADO & acrescentado o Roteiro da costa de Espanha, & Mar Mediterraneo. Por MANUEL PIMENTEL Cosmographo mòr do Reyno, & Senhorios de Portugal. LISBOA. Na Officina de BERNARDO DA COSTA DE CARVALHO. Com todas as licenças necessarias. Anno de 1699.

In fólio de 28x20 cm. Com [x], 496, [iv] págs. Encadernação do século XX com lombada e cantos em pele, com nervos, rótulos e ferros a ouro em casas fechadas, incluindo uma inscrição com o nome do anterior possuidor «Lanhoso» no pé da lombada. Inclui uma fita marcadora em tecido vermelho.

Ilustrado no texto com tabelas das declinações do Sol e de outras estrelas e constelações; da altura do pólo; de rumos; de marés; das latitudes e longitudes de alguns Portos, Cabos e Ilhas, etc. Tem dois extratextos: um entre as páginas 78 e 79 com uma calcografia com um quadrante de círculo; outro entre as páginas 140 e 141 com representação de técnicas de medição da Estrela do Norte para o ano de 1700, assinado com as iniciais CB, de Clemente Bilingue, gravador ativo entre 1660 e 1716.

Inclui decorações e ornamentos xilogravados, nomeadamente: cabeções formados por tarjas tipográficas, iniciais com motivos vegetalistas e florões de remate, dos quais alguns alegóricos, com anjos.

Exemplar com falta das folhas que têm as páginas: 9/10, 195-202, 493/494 e de uma folha com o índice de gravuras. De notar que a página 10 teria uma gravura de página inteira com a representação da Rosa dos Ventos. Foram impressas reproduções das mesmas que se encontram em anexo. Apresenta pequenos picos de traça no pé das primeiras 130 páginas, sem nunca afetar a mancha tipográfica.

Erro de paginação: p. 196 em vez de 496.

As primeiras páginas não numeradas incluem: a folha de rosto, seguida de duas folhas em branco; uma folha com prólogo ao leitor e no verso licenças do Santo Ofício, do Ordinário e do Paço; uma outra folha em branco. O índice foi encadernado no final, ao invés de no início, como indicam as assinaturas dos cadernos.

Primeira edição de uma obra notável que espelha os conhecimentos náuticos dos navegadores portugueses na viragem do século XVII para o XVIII.

Conteúdo da obra

A obra divide-se em duas partes: discorre sobre os métodos práticos e essenciais para a boa navegação, juntando-se-lhes diversos roteiros com a descrição dos mais diversos pormenores, quer seja pela configuração das costas, quer pela descrição dos portos e mares, etc. O compêndio inclui roteiros do Brasil; de Angola; da Guiné; do Rio Grande; das Índias Ocidentais; das Ilhas Terceiras, Madeira, Canárias e de Cabo Verde; da Índia Oriental, entre outros.

O Roteiro da costa do Rio Grande, Maranhão e Grão Pará é da autoria de Domingos Franco (p. 265-272) e o Roteiro do Cabo de Boa Esperança até o das Correntes, de Manuel de Mesquita (p. 382-399).

Demonstra a evolução da marinharia portuguesa não só em termos técnicos, por exemplo, no uso de instrumentos náuticos estrangeiros, mas também em termos de suporte teórico, onde se destaca o recurso à trigonometria e ao cálculo logarítmico para a resolução de problemas.

Destacam-se as descrições de rotas entre o Rio de Janeiro e Santos e entre Buenos Aires e a costa do Brasil, com referências ao rio S. Francisco do Sul, Guarativa, Paranaguá, Cananea, Iguape e Itanhaem. Esta presença documental deve-se ao excelente trabalho que Manuel Pimentel realizou enquanto encarregado de estabelecer os limites da colónia do Sacramento sobre o Rio da Prata.

Comentário

A Arte Practica de Navegar ganhou muita notoriedade e foi por vários anos tida como manual de eleição, sendo elogiada não só pelos hidrógrafos portugueses como pelos estrangeiros. Para Luís Albuquerque, que comentou a segunda edição desta obra, o livro de Manuel Pimentel é o trabalho mais desenvolvido até então dos publicados em Portugal sobre a prática da navegação.

Manuel Pimentel escreveu a Arte Prática de Navegar e Roteyro das Viagens, com duas edições em vida, em 1699 e em 1712. A obra conheceu ainda edições em 1746 e 1762, e uma no século XIX, provavelmente em 1819. A introdução de gravuras e algumas actualizações técnicas na segunda edição fizeram dela a mais aclamada. A segunda edição e as restantes tiveram o seu título alterado para: Arte de navegar, em que se ensinam as regras praticas, e o modo de cartear pela carta plana e reduzida: o modo de graduar a balestilha por via dos numeros, e muitos problemas uteis á navegação: e roteiro das viagens e cartas maritimas da Guiné, Brasil e Indias occidentaes e orientaes.

Muito do seu trabalho baseou-se na herança paterna (é de notar o seu contributo na edição de 1681 da Arte Prática de Navegar, trabalho do seu pai, em que acrescentou e atualizou dados e tabelas), bem como em Fournier, em Clavius e em Riccioli; qualquer um destes autores era jesuíta. São citados ainda Pedro Nunes, D. Wright e R. Hues, além de Stevinus, Snelius e Metius.

Biografia

Manuel Pimentel (Lisboa, 1650 – Lisboa, 1719) foi um erudito ao serviço do rei e da Corte como cosmógrafo-mor, na transição do século XVII para o século XVIII. Desenvolveu a sua obra no domínio da navegação, das matemáticas e da cosmografia.

Filho e sucessor no referido cargo de Luis Serrão Pimentel. Estudou no Colégio de Santo Antão, onde terá frequentado a Aula da Esfera que incluía náutica, e graduou-se em 1674 em Direito e em Cânones pela Universidade de Coimbra, fadado a seguir a carreira da jurisprudência por vontade paterna. Cedo, porém, revelou capacidades no domínio da cosmografia, e, dada a inesperada morte do pai, foi provido do ofício em 1679 por nomeação régia, cargo que desempenhou até 1707.

Em 1681 Manuel Pimentel fez parte da equipa responsável por conferir, com os geógrafos enviados por Carlos II de Espanha, a fronteira do Brasil a propósito do direito de demarcação entre Portugal e Castela da nova colónia de Sacramento, criada na margem norte do Rio da Prata. O diferendo com os geógrafos espanhóis demorou três meses, sendo que Manuel Pimentel produziu documentação cartográfica que estabelecia e clarificava o direito da Coroa portuguesa no território.

Em 1684 e em 1690 substituiu o irmão, Francisco Pimentel, enquanto Lente na Aula de Matemática. D. João V, em reconhecimento dos serviços prestados por Manuel Pimentel e dos que prestava em nome do irmão, toma-o por fidalgo-cavaleiro de sua Casa em 26 de outubro de 1709. Em fevereiro de 1714 foi solicitado a Manuel Pimentel que ensinasse na Aula Pública a arte de navegação tanto para os homens do mar, para os curiosos e para os aplicados, para poderem participar da sua grande erudição. Quatro anos depois, em 1718, foi escolhido para Mestre do Príncipe D. José, com lições nos domínios da Geografia e da Náutica.

Aos profundos conhecidos de geografia juntava o domínio de diversos idiomas e um profundo conhecimento da literatura clássica. Mantinha excelentes relações com os marqueses de Valença e Alegrete e com os condes de Ericeira.

Demonstrou paralelamente ao desempenho dos cargos uma excelente erudição, revelando bem cedo a sua capacidade poética e o domínio do latim, ao compor, aos 14 anos a Vida de S. Francisco Xavier. Escreveu poesia, nomeadamente Elegias, frequentando tanto a Academia dos Singulares como a Academia Generosos, como ainda a Academia de História Portuguesa, que esteve na origem, em 1720, da Academia Real da História Portuguesa.

 In folio. 28x20 cm. [x], 496, [iv] pp. 20th-century binding with leather spine and corners, with raised bands, and gilt tools in spine pannels, and an inscription with the name of the previous owner "Lanhoso" at the foot of the spine. Red cloth marker ribbon.

Illustrated in the text with tables of the declinations of the Sun and other stars and constellations; of the height of the pole; of bearings; of tides; of the latitudes and longitudes of some Ports, Capes and Islands, etc. It has two hors-texte engravings: one between pages 78 and 79 with a calcography of a circle quadrant; the other between pages 140 and 141 with a representation of measuring techniques for the North Star for the year 1700, signed with the initials CB, by Clemente Bilingue, an engraver who was active between 1660 and 1716.

Includes woodcut decorations and ornaments, namely: headpieces formed by typographic stripes, decorated initials with plant motifs and finishing fleurons, some of which are allegorical, with angels.

Copy missing pages 9/10, 195-202, 493/494 and a sheet with the index of engravings. Note that page 10 had a full-page engraving depicting the Rose of the Winds. Reproductions of these have been printed and are attached. There are small moth holes at the foot of the first 130 pages, but they never affect the text area.

Paging error: p. 196 instead of 496.

The first unnumbered pages include: the title page, followed by two blank pages; a page with a prologue to the reader, and on the back licenses from the Holy Office, the Ordinary and the Palace; another blank page. The index was bound at the end, rather than at the beginning, as the signatures on the quires indicate.

First edition of a remarkable work that reflects the nautical knowledge of Portuguese navigators at the turn of the 17th to the 18th century.

Content of the work

The book discusses the practical and essential methods for good navigation, adding to them various itineraries describing the most diverse details, be it the configuration of the coasts or the description of the harbours and seas, etc. The compendium includes itineraries of Brazil; Angola; Guinea; the Rio Grande; the West Indies; the Third Islands, Madeira, the Canary Islands and Cape Verde; East India, among others.

The Roteiro da costa do Rio Grande, Maranhão e Grão Pará is by Domingos Franco (p. 265-272) and the Roteiro do Cabo de Boa Esperança até o das Correntes by Manuel de Mesquita (p. 382-399).

It demonstrates the evolution of Portuguese seamanship not only in technical terms, for example, in the use of foreign nautical instruments, but also in terms of theoretical support, where the use of trigonometry and logarithmic calculation to solve problems stands out.

The descriptions of routes between Rio de Janeiro and Santos and between Buenos Aires and the coast of Brazil, stand out, with references to the S. Francisco do Sul River, Guarativa, Paranaguá, Cananea, Iguape and Itanhaem. This documentary presence is due to the excellent work that Manuel Pimentel did while in charge of establishing the boundaries of the colony of Sacramento over the River Plate.

Commentary

The Arte Practica de Navegar gained a lot of notoriety and was for several years considered the manual of choice, being praised not only by Portuguese hydrographers but also by foreigners. For Luís Albuquerque, who commented on the second edition of this work, Manuel Pimentel's book is the most developed work yet published in Portugal on the practice of navigation.

Manuel Pimentel wrote the Arte Prática de Navegar e Roteyro das Viagens, with two editions in his lifetime, in 1699 and 1712. The work also saw editions in 1746 and 1762, and one in the 19th century, probably in 1819. The introduction of engravings and some technical updates in the second edition made it the most acclaimed. The second and remaining editions were renamed: Arte de navegar, em que se ensinam as regras praticas, e o modo de cartear pela carta plana e reduzida: o modo de graduar a balestilha por via dos numeros, e muitos problemas uteis á navegação: e roteiro das viagens e cartas maritimas da Guiné, Brasil e Indias occidentaes e orientaes.

Much of his work was based on his paternal heritage (his contribution to the 1681 edition of Arte Prática de Navegar, his father's work, in which he added and updated data and tables, should be noted), as well as on Fournier, Clavius and Riccioli; all of these authors were Jesuits. Pedro Nunes, D. Wright and R. Hues are also cited, as well as Stevinus, Snelius and Metius.

Biography

Manuel Pimentel (Lisbon, 1650 - Lisbon, 1719) was a scholar who served the king and the court as chief cosmographer in the transition from the 17th to the 18th century. He developed his work in the fields of navigation, mathematics and cosmography.

Son and successor in that position of Luis Serrão Pimentel. He studied at the Colégio de Santo Antão, where he attended the Aula da Esfera (Sphere Class), which included nautical studies, and graduated in 1674 in Law and Canons from the University of Coimbra, fated to follow a career in jurisprudence by his father's will. Early on, however, he revealed his abilities in the field of cosmography and, given the unexpected death of his father, he was appointed to the post in 1679 by royal appointment, a position he held until 1707.

In 1681 Manuel Pimentel was part of the team responsible for checking, with the geographers sent by Charles II of Spain, the border of Brazil in relation to the right of demarcation between Portugal and Castile of the new colony of Sacramento, created on the north bank of the River Plate. The dispute with the Spanish geographers took three months, and Manuel Pimentel produced cartographic documentation that established and clarified the Portuguese Crown's right to the territory.

In 1684 and 1690, he replaced his brother, Francisco Pimentel, as Lecturer in Maths. In recognition of Manuel Pimentel's services and those he rendered on behalf of his brother, King João V made him a knight of his House on 26 October 1709. In February 1714, Manuel Pimentel was asked to teach the art of navigation at the Aula Pública (Public Class) to seafarers, the curious and the applied, so that they could share in his great erudition. Four years later, in 1718, he was chosen to be Prince José's Master, with lessons in the fields of Geography and Nautical Science.

In addition to his profound knowledge of geography, he also mastered several languages and had a deep knowledge of classical literature. He maintained excellent relations with the marquises of Valença and Alegrete and the counts of Ericeira.

He also demonstrated excellent erudition, revealing his poetic ability and mastery of Latin very early on, when he composed the Life of St Francis Xavier at the age of 14. He wrote poetry, particularly elegies, and attended both the Academy of Singulars and the Generous Academy, as well as the Academy of Portuguese History, which was the origin, in 1720, of the Royal Academy of Portuguese History.

Referências/References:

Dicionário Biográfico de Cientistas, Engenheiros e Médicos em Portugal — CIUHCT, Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (FCUL e FCT–UNL).
USTC, 5095784
Iberian Books, C77429 [119019]
Inocêncio VI, 82-83, 1199; XVI, 287.
Barbosa Machado 3, 340.


Temáticas

Referência: 2310SB003
Local: M-6-C-23


Caixa de sugestões
A sua opinião é importante para nós.
Se encontrou um preço incorrecto, um erro ou um problema técnico nesta página, por favor avise-nos.
Caixa de sugestões
 
Multibanco PayPal MasterCard Visa American Express

Serviços

AVALIAÇÕES E COMPRA

ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVOS

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

free counters