Dedicado A D. FRANCISCO DE SA, Conde de Pena Guiaõ, Camareiro mòr que foi d’El Rey Nosso Senhor do seu Conselho de Guerra, Estribeiro môr da Rainha Nossa Senhora; Capitam mor, e Alcaide mor da Cidade do Porto, Governador da Fortaleza de S. João, Commendador de S. Thiago de Cacem, e Treza na Ordem de S. Thiago, &c. LISBOA, Na Offic. de Domingos Gonsalves, Anno MDCCLXXXV. [1785]. Com Licença da Real Meza Censoria.

In 8.º de 15x10,5 cm. Com [viii], 358, [ii em br.] págs. Encadernação da época, inteira de pele, com rótulo, nervos e ferros a ouro. Cortes das folhas mosqueados.

Impressão nítida, sobre papel de linho ornamentada com algumas iniciais decoradas, assim como com cabeções decorativos e florões de remate no início e no fim de cada um dos dois livros.

Exemplar com pequena falta de pele na coifa e alguns picos de humidade no interior das pastas.

As páginas preliminares reproduzem as seguintes peças que constavam da quarta edição: A dedicatória, uma poesia laudatória e o prólogo.

Rara quinta edição, conforme a quarta importante para o estudo da tradição textual da obra sobre a qual existem complexas questões de autoria e de integridade do texto. A primeira edição foi publicada em Ferrara, no ano de 1554; a segunda em Évora, 1557; terceira em Colónia, 1559; e a quarta em Lisboa, 1645.

Menina e Moça é uma obra-prima da literatura portuguesa, marco notável do desenvolvimento da prosa literária em Portugal, com um estilo de grande originalidade e que veio a exercer grande influência na cultura portuguesa, em especial a partir do Romantismo. O seu carácter de obra inacabada e o mistério que rodeia a vida do autor confere-lhe um fascínio adicional e elementos percursores da modernidade.

Maria Leonor Carvalhão Buescu considera a obra - «talvez a mais típica da mentalidade portuguesa» e um documento das características permanentes de um universo psicológico, com uma estrutura desconcertante e impenetrável. João Gaspar Simões considera que a obra é a expressão de «uma subjectividade especificamente portuguesa».

Uma das hipóteses prováveis, é que a obra seja um roman à clef, em que o autor narra factos autobiográficos, disfarçando os nomes reais das pessoas envolvidas por anagramas, sendo que na sociedade da época eram conhecidas, o que pode explicar a colocação da obra no índice de livros proibidos de 1581, proibição levantada anos depois.

Bernardim de Ribeiro (Torrão, Alentejo, 1482? - Lisboa, antes de 1536) Escritor e poeta português do ciclo do Cancioneiro de Resende. Os seus dados biográficos são muito incompletos e o pouco que se conhece deriva de vagas referências de contemporâneos e de ilações de investigadores. Por exemplo: a data da sua morte é estabelecida por uma referência de Sá de Miranda que fala dele, em 1544, como já tendo morrido.

 In octavo. 15x10,5 cm. [viii], 358, [ii bl.] pp. Contemporary full leather binding, with labels, raised bands and gilt tools at spine. Mottled edges.

Clear print on linen paper with a few decorated initials, as well as decorative headpieces and finishing fleurons at the beginning and end of each of the two books.

Copy with a small lack of leather on the headcap and some damp stains on the pastedowns.

The preliminary pages reproduce the following pieces from the fourth edition: the dedication, a laudatory poem and the prologue.

Rare fifth edition, according to the fourth, important for the study of the textual tradition of the work, over which there are complex questions of authorship, and the integrity of the text. The first edition was published in Ferrara in 1554, the second in Évora in 1557, the third in Cologne in 1559 and the fourth in Lisbon in 1645.

Menina e Moça is a masterpiece of Portuguese literature, a remarkable milestone in the development of literary prose in Portugal, with a style of great originality that came to exert great influence on Portuguese culture, especially from Romanticism onwards. Its character as an unfinished work and the mystery that surrounds the author"s life gives it an additional fascination and forerunners of modernity.

Maria Leonor Carvalhão Buescu considers the work - 'perhaps the most typical of the Portuguese mentality' and a document of the permanent characteristics of a psychological universe, with a disconcerting and impenetrable structure. João Gaspar Simões considers the work to be the expression of 'a specifically Portuguese subjectivity'.

One of the likely hypotheses is that the work is a roman à clef, in which the author narrates autobiographical facts, disguising the real names of the people involved by anagrams, since they were known in the contemporary society, which may explain the work"s placement on the index of forbidden books in 1581, a ban lifted years later.

Bernardim de Ribeiro (Torrão, Alentejo, 1482? - Lisbon, before 1536). Portuguese writer and poet from the Cancioneiro de Resende cycle. His biographical details are very incomplete and the little that is known is based on vague references from contemporaries and inferences from researchers. For example: the date of his death is established by a reference by Sá de Miranda who speaks of him in 1544 as having already died.

Referências/References:

María Rosa Álvarez Sellers - Texto e estrutura em Menina e moça de Bernardim Ribeiro. Cuadernos de Filología. Anejo L Universitat de València (2002) 417-430.

Avila Perez, 6469.

Azevedo e Samodães, II, 2793.

Monteverde, 4527.

Fernandes Ribeiro, 4369.

Inocêncio, I, p. 358.