Cincoenta chromos. Copias de aguarellas originaes de Alfredo Roque Gameiro, Collumbano Bordallo Pinheiro, Condeixa, Malhôa, Manuel de Macedo, Raphael Bordallo Pinheiro e outros. Com artigos descriptivos de Fialho de Almeida, Júlio César Machado, Manuel Pinheiro Chagas, Ramalho Ortigão e Xavier da Cunha. David Corazzi Editor. Lisboa. 1888.

De 32,5x25 cm. Com [ii], 100 folhas não numeradas. Encadernação em tela com ferros a ouro e a seco, incluindo as iniciais S.L. no pé da lombada.

Ilustrado com 50 cromolitografias dos mais célebres artistas da época sobre papel muito encorpado e protegidas por folhas de papel vegetal. Representam figuras populares portuguesas, desde o «Camponez da Serra de Minde» à «Camponeza do Ribatejo» e d’«O Remador das Galeotas» à «A Vareira (Porto)», entre outros.

As litografias são da autoria de Columbano, que assina duas aguarelas, Ernesto Condeixa é autor de outras duas enquanto Manuel de Macedo ilustra trinta e um dos cromos, Rafael Bordalo Pinheiro, no tempo em que criava o Zé Povinho, assina duas aguarelas e Roque Gameiro cinco figuras. As restantes oito não estão assinadas, embora algumas sejam certamente de Malhoa, como se refere na folha de rosto.

Cada ilustração é emparelhada com um texto que lhe é alusivo, emoldurado por elaboradas tarjas tipográficas.

Exemplar com o miolo solto e desgaste na encadernação. Tem ex-libris de «Ad. Loureiro» na pasta anterior.

Obra de elevado interesse artístico e etnográfico, que testemunha a faceta de editor de luxuosas edições que David Corazzi também foi. Contém a descrição de 50 figuras e personagens características de Portugal de oitocentos, predominantemente da região de Lisboa, através de belas litografias que retratam os seus trajos de grande riqueza cromática, paralela à riqueza dos textos interpretativos que as acompanham. Foi previamente distribuída, por David Corazzi, como "publicação quinzenal em fascículos", então comercializados por "200 réis".

Os textos encontram-se distribuídos pelo médico Fialho de Almeida, autor de nove; Júlio César Machado, que assina quinze comentários; pelo escritor e político Manuel Pinheiro Chagas, que explica nove das aguarelas; Ramalho Ortigão que escreve sete; e Xavier da Cunha os restantes dez.

David Augusto Corazzi (Lisboa, 1845-1896) foi um empresário muito inovador que deixou um legado ímpar no campo da edição de livros. Começou por publicar, em 1870, romances para o grande público, nomeadamente de Júlio Verne ou Ponson du Terrail, fundando a Empresa Horas Românticas; a qual mudou várias vezes de nome até ao seu encerramento em 1912. Revelou-se um mestre e um pioneiro no uso de técnicas publicitárias, na capacidade de conquistar novos públicos e de abrir novas vias para a divulgação do livro, nomeadamente com a criação de colecções de cariz popular, das quais se destaca a «Biblioteca do Povo e das Escolas». Por outro lado, marcou o mercado do livro de luxo, profusamente ilustrado e de grande formato, com a edição monumental dos Lusíadas, em 1880, as Fábulas de La Fontaine, o Inferno de Dante e o Paraíso Perdido de Milton, entre outras.

 32.5x25 cm. [ii], 100 unnumbered leaves. Bound in canvas with gilt and blind tools, including the initials S.L. at the foot of the spine.

Illustrated with 50 chromolithographs by the most famous artists at that time on very thick paper and protected by sheets of tracing paper. They represent Portuguese popular figures, from the "Camponez da Serra de Minde" [Peasant from Minde] to the "Camponeza do Ribatejo" [Peasant Girl from Ribatejo] and from "O Remador das Galeotas" [Galiot (flat-bottomed boat with a simple sail for transporting wine) Rower] to "A Vareira (Porto)" [Woman from the seaside, between Aveiro and Porto], among others.

The lithographs are by Columbano, who signs two watercolours, Ernesto Condeixa is the author of two others while Manuel de Macedo illustrates thirty-one of them, Rafael Bordalo Pinheiro, at the time he created Zé Povinho, signs two watercolours and Roque Gameiro five. The remaining eight are unsigned, although some are certainly by Malhoa, as stated on the title page.

Each illustration is paired with an allusive text, inside an elaborate typographical framework.

Copy with loose core and signs of wear on the binding. Ex-libris of "Ad. Loureiro" on front pastedown.

Work of great artistic and ethnographic interest, which bears witness to the fact that David Corazzi was also a publisher of luxurious editions. It contains the description of 50 figures and characters representative of Portugal in the 19th century, predominantly from the Lisbon region, through beautiful lithographs that portray their costumes of great colour richness, parallel to the richness of the interpretative texts that accompany them. It was previously distributed, by David Corazzi, as a "fortnightly publication in fascicles", then sold for "200 réis" (contemporary currency).

The texts are distributed by Fialho de Almeida, author of nine; Júlio César Machado, who signs fifteen commentaries; the writer and politician Manuel Pinheiro Chagas, who explains nine of the watercolours; Ramalho Ortigão who writes seven; and Xavier da Cunha the remaining ten.

David Augusto Corazzi (Lisbon, 1845-1896) was a very innovative entrepreneur who left a unique legacy in the field of book publishing. In 1870, he began publishing novels for the general public, namely by Jules Verne or Ponson du Terrail, founding the Horas Romanticas Company, which changed its name several times until its closure in 1912. He proved to be a master and a pioneer in the use of advertising techniques, in his ability to win over new audiences and to open up new ways for the promotion of books, particularly by creating popular collections, of which the «Biblioteca do Povo e das Escolas» (Library for Peoples and Schools) stands out. On the other hand, it marked the market for luxury books, profusely illustrated and large format, with the monumental edition of the Lusíadas in 1880, La Fontaine's Fables, Dante's Inferno and Milton's Paradise Lost, among others.