OU COLLECÇÃO DOS ROMANCES DE HISTORIA PORTUGUEZA Compostos por Ignacio Pizarro de M. Sarmento, Fidalgo Cavalleiro da Caza de S. M. F., Commendador de Santa Marinha de Lisboa, da Ordem de Christo, Morgado de Bóbeda. etc. etc. etc. [Parte Primeira e] Parte Segunda. Typographia do Panorama. Typographia Commercial. Lisboa. Porto. 1841 e 1845.

2 volumes de 16x11 cm. Com viii, [ii], 270, [vi]; vi, [ii], 260, [xxiv] págs. Encadernações diferentes com as lombadas em pele com ferros a ouro. Cortes das folhas do primeiro volume pintados de amarelo e levemente carminados no segundo volume.

Ilustrados em extratexto com retrato do autor e quatro gravuras no primeiro volume e com quatro gravuras no segundo volume todas sobre papel mais encorpado. O retrato do autor é desenhado por Santa Bárbara e as gravuras são desenhadas por Cerqueira e impressas na litografia de A. C. Lemos. No segundo volume as gravuras foram desenhadas e litografadas por J.A. Correia e impressas pela litografia de Manuel Luiz da Costa.    

Exemplar com ligeiros defeitos nos cantos das pastas. Com ligeira mancha no canto inferior das páginas preliminares do primeiro volume, com falta de uma gravura, a número dois, do segundo volume e com um corte na página 15-16, com perda da parte da folha que está em branco, no fim do primeiro canto do primeiro romance do mesmo volume. 

Obra muito rara, constituída por duas partes publicadas em 1841 e 1845. A segunda parte é ainda mais rara do que a primeira, pois a Biblioteca Nacional de Portugal e a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra não têm qualquer exemplar catalogado. A Biblioteca Nacional de Portugal possui o manuscrito da segunda parte. Como os subscritores reservaram para si 676 exemplares da segunda parte, a tiragem terá sido de pouco mais de 700. 

Camilo Castelo Branco no artigo sobre o seu autor diz que a obra gozou de uma excepcional popularidade e que toda a gente a lia. Recorda a emoção com que, aos quinze anos, leu algumas das suas poesias. Por isso mesmo é muito provável que o poema sobre Frei Luís de Sousa (1º Volume, págs. 217 a 238, com 38 oitavas em decassílabos heróicos) tenha inspirado Garret a escrever o seu célebre drama. Efectivamente esta edição data de 1841 e o drama de Garret foi escrito em 1843 e publicado pela primeira vez em 1844. 

Outra característica notável desta obra é o facto do autor referir as fontes que utilizou e transcrever algumas delas, em parte ou por inteiro, desde a História Genealógica, a biografia sobre Santa Isabel da autoria de Fernão Correia de Lacerda, as crónicas de Fernão Lopes, de Duarte Nunes de Leão, D. Francisco Manuel de Melo, História de S. Domingos de Frei António da Encarnação, Portugal Restaurado do Conde da Ericeira, e as obras do Cardeal Saraiva,  

Contém os seguintes romances em verso, no primeiro volume: O pagem de D. Dinis, O Conde de Ourem, Duarte de Almeida, Fernão Rodrigues Pereira, A Duquesa de Bragança, As barbas do Vice Rei, Frei Luís de Sousa, e o Cavaleiro da Cruz.  

No segundo volume: Guesto Ansor; Os Votos denodados; O Conde de Abranches; O Massinga; O Manuelinho d"Evora; e Martim Afonso de Lucena. As folhas preliminares contêm o prólogo do autor e as folhas finais incluem a lista dos subscritores.   

Inácio Pizarro de Morais Sarmento (Bobeda, 1807 - Chaves, 1870), poeta, dramaturgo, político e jornalista, foi deputado em 1837 e 1838. É autor de dramas sobre a História de Portugal, de poesias líricas, de novelas e dos romances que foram reunidos nesta obra, alguns deles tinham já sido publicados anteriormente em jornais ou em folhetos.  

Refs.: Camilo Castelo Branco - Esboços de Apreciações Literárias, 1865. 3ª Edição, Parceria A.M. Pereira, Lisboa. 1908, p. 241-249. Fernandes Tomás, 3971.  Condessa da Azambuja, 1974. Nepomuceno, 1326. Palha, II, 780. Inocêncio III, 214-215, X, 56 e XI, 267.